a dona dos pensamentos

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Quanto honesto?!


A pergunta parece estranha?
Estranhos são os tantos discursos que elaboramos ao defender com unhas e dentes a honestidade, pondo em cheque a moralidade de pessoas, mas que sem ao menos perceber, são desonrados pelo próprio criador.
Parece mais a lei do “faça o que eu digo, mas não o que eu faço”.
Equivoco meu? Existe uma área na matemática onde foi elaborada a porcentagem de honestidade? Pode-se ser muito, pouco ou razoavelmente honesto?
Quem lhe disse isso?
Quem “é”, é! Não me venha com “mas”, “porém”, “neste caso”, ...
O resto é sempre culpado, a parte da população que não inclui o pronome “eu”, leva todo crédito de erros, irresponsabilidades, desonestidades, leva a parte que não presta a você, que por sinal é o senhor dono da verdade.
Porque não aceitar o fato de que um pequeno delito, por mais miserável e insignificante que lhe possa parecer, aos olhos da desonestidade são tanto quanto desonestos? Não importa se foi um centavo ou milhões, se foi uma trapaça, se foi uma vingança, ou uma brincadeira..
Você está passando por sérias dificuldades financeiras, vai ao banco e eis que o senhor ao lado vai embora e deixa cair uma nota de cem reais, só você viu, olha em volta, não tem ninguém, a oportunidade perfeita, o senhor já está na porta, com esse dinheiro pode pagar a conta de água e comprar comida pra filha..,
Ai você para e pensa, “ele não vai precisar”,” é por uma boa causa” e milhões de pensamentos como estes inundam sua cabeça, tentando lhe dar motivos plausíveis para apossar-se daquela nota, encorajando-o e justificando aquela “pequena” ação..
Maas calma ai, como ousa ter algum direito e moralidade para julgar o sistema e as pessoas que nele estão no comando, se quando tens oportunidade age desta forma?
A tentação é maior?
Pois bem, eles podem lhe dar a mesma resposta ao sonegar impostos e roubar o dinheiro do cidadão.Por que não?
Se julga-se no direito de apoderar-se de uns tostões que não lhe pertencem..
Que diferença tem o seu delito, a sua desonestidade, da dele?
Apenas o valor, apenas a proporção, mas o que vai sobrar na consciência e em seu julgamento, vai levar o mesmo nome e sobrenome, a mesma sujeira.
Quem somos nós para julgar a atitude do outro, se não formos capazes de controlar as nossas próprias? Se não formos dignamente mais fortes do que qualquer tentação..
A dignidade tem proporção? Sua consciência pode estar “mais o menos” limpa?
O caráter pode ser medido de acordo com penalidades?

Pense, repense e quando estiver certo, responda a si mesmo, existe proporção para honestidade?

terça-feira, 27 de abril de 2010

dia-a-dia

A noite já reinava, seus ventos faziam a pele descoberta arrepiar-se.
Mas não se encontrava perto de casa, tinha ainda uma imensa escadaria a descer, até então chegar a parada, onde esperaria, como de costume, mais um ônibus super-lotado.
A tarde estava quente, por isso suas roupas eram leves, mas a leveza não amenizava este instante trêmulo, estas preocupações com horários e provas, o vento parecia congelar por dentro.
Descia distraída, enquanto lia uma folha de física, explicava por que o céu é azul e por que ao cair o sol, ganhava seus tons avermelhados.
Na folha dizia, que o vermelho e o laranja tornam-se muito mais vividos no crepúsculo, quando há poeira ou fumaça no ar, que estes tons são conseqüências nossas, de poluições e queimadas.
Parei então, um breve instante, contemplei aquele verde, o vento embalando as folhas, as casas acendendo as luzes pouco a pouco e o céu, nele um olhar mais carinhoso, estava dividido, de um lado negro, de outro ainda podia ver os tons alaranjados..
As causas pelas quais aqueles tons estavam ali, não são nada agradáveis e se deixasse de vê-los para que o mundo ficasse mais limpo, com certeza abriria mão daquela paisagem, mas guardei aquele momento só pra mim, em uma parte da memória onde não será apagada, o céu estava tão lindo, posso não ver outro como aquele, e certamente não verei, por mais que pareça, nunca é igual.
E foi pago um certo preço por aquele instante, horas esperando, o ônibus lotado que não chegava..
Na parada pessoas vinham, iam, vinham, iam, e nada
Um homem cego puxou assunto, estava alegre, andava por tudo, esperava ansioso seu ônibus, que por sinal, também veio lotado.
Foi-se ele, foram-se outros, e eu ainda ali..
Finalmente chegou, estou indo pra casa, um dos raros dias, minha mãe me busca na parada, viemos conversando, coisa atípica, um dia sem brigas.
Lembrei então de um pedaço do galho da árvore do colégio.
Mais um pequeno detalhe atípico, de um dia rotineiro.
A árvore pré-histórica do colégio caiu, era tão grande e bela.
Era tão bom se abrigar do sol embaixo dela, não sei por que, mas acho que fui a única pessoa que sentiu falta dela, que sentiu saudade daqueles galhos longos e fortes que davam um ar de natureza em meio aos cimentos.
Eu queria uma lembrança dela, por essa razão peguei um pedaço de galho, coisas minhas, parece meio maluco, é eu sei.
Mas todo mundo tem suas manias meio malucas, por mais que não admita, as borboletas também fazem parte do meu conjunto de maluquices, vejo em todos os cantos, todos os dias e pareço ser a única pessoa que se importa com a presença delas.
A também vi uma libélula hoje, lembrei daquele filme tão lindo, não sei por que essa mania por insetos.
Por falar em filme, assistindo tv ontem, assim por acaso, tava passando umas discussões sobre o filme, sobre a vida de Chico Xavier, eu nunca tinha me interessado muito, mas andei pesquisando um pouco a vida dele e sem dúvida foi e vai ser sempre um grande homem, (preciso muito ver este filme)..
Bom acho que isso é uma tentativa, de tirar um pouco dos pequenos detalhes que fazem de um dia rotineiro único, claro que tem muitos outros detalhes, mas a minha memória anda tão fraca, melhor não abusar muito.
Resumidamente frio, cansativo, mas bonito.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

O frio está voltando..



A lembrança do inverno passado não parece nítida neste momento, talvez por que ela deva permanecer guardada e esquecida em seu passado.
O ontem já parece tão distante, seus sorrisos e choros também.
Agora é o momento certo de estar sozinha, desta vez não será necessário que me aqueça.
Comprei um bom cobertor, vai servir de proteção, enquanto penso sobre como sobreviver na chegada da estação.
Está na hora, este é o tempo, enquanto o vento sopra a chuva, enquanto a temperatura cai delicadamente, enquanto este último ano de dúvidas passa pelo calendário, me encontro eu aqui, fechada em meu quarto, em meu mundo, viajando em pensamentos e hipóteses, tentando desenhar e montar algo que só posso imaginar, tentando dar um rumo pra uma vida da qual penso ter controle.
Não busco mais respostas e sim saídas.
Uma fuga das tempestades sim, deixe apenas o frio chegar.
Agora não posso, devo dar o melhor de mim, agora não tenho permissão de desistir.
É tão estranho olhar o passado, eu me pergunto como consegui seguir a diante em meio a tantas confusões.
Mas isso tudo agora me parece fácil, aquele desespero parece exagerado.
Conto comigo, um, dois, três, passou..!
Amanhã nova contagem, talvez um pouco maior, mas tem seu fim.
Não é pra sempre, por mais que pareça, tem um fim.
Não é egoísta da minha parte, não sair desesperadamente á procura de um amor.
Existem muitos tipos de amor, estou aprendendo a me amar, tenho também a minha família, amigos e dois caninos incomparáveis.
Devo estar triste por não amar nenhum rapaz?
Porque?
Não vou desperdiçar um sentimento tão puro, pra satisfazer a vontade alheia, não vou mentir, não preciso enganar, não estou aqui pra provar nada a ninguém.
Este é um tempo só meu, um tempo pras minhas coisas, um tempo pra deixar em ordem a minha vida, o meu hoje e o meu amanhã.
As surpresas da vida são sempre melhores, as surpresas da vida ficam pra sempre.
Elas não tem prazo, nem validade, não tem um dia certo de fabricação, elas chegam assim como uma chuva que não avisa, que surpreende os meteorologistas, se transforma em sol, depois em um vento ameno.., e assim vão ficando em nossas vidas, intrusas apaixonantes, eternas surpresas.
O processo de conhecimento pode levar uma vida, uma pessoa nunca deixa de ser interessante, se você realmente ter paciência e dedicação a conhecê-la.
As pessoas são apaixonantes, mas não mostram-se realmente, se protegem, atrás de multidões, atrás de mentiras, atrás de conceitos, atrás de pré-conceitos, atrás do medo.
Medo da opinião, medo da rejeição, medo de não agradar sendo o que realmente é.
Mas como se pode amar alguém e se permitir ser verdadeiramente amada, se não se aceitar primeiramente?
Se não permitir as pessoas realmente conhece-la e não se dedicar a conhece-los?
Infelizmente poucos sabem o que é amar hoje em dia.
Estão sempre “amando” em suas concepções, mas no dia seguinte acabou-se o amor.
É por isso que não quero, neste momento, desperdiçar um segundo, desperdiçar uma palavra, desperdiçar um olhar que seja, se não for de verdade.
Estou fugindo de todo e qualquer tipo de mentira, estou fugindo das comodidades, das falsidades, dos prazeres momentâneos não satisfatórios, estou fugindo do que estão querendo chamar de amor.Pois um dia, um mês, um ano, não basta, não é o suficiente para conhecer, julgar e sentenciar alguém.
Deixe o frio embalar essa e as tantas noites precisas, até que então o calor possa verdadeiramente aquecer.
Deixe a música contar os dias, deixe o céu dar o tom necessário a cada amanhecer.
Deixe o desafio aumentar, apimentar a vida.
Deixe meu olhar lhe contar, em um breve instante, a história de minha vida.

sábado, 17 de abril de 2010

um texto pra mim

Durante um tempo tentei me manter afastada das palavras, das letras, da escrita, por que meus dias andaram meio nublados e eu não queria passar esses sentimentos nada confortáveis pras palavras.Não queria um texto melancólico, me recusava a mais uma vez falar sobre assuntos dos quais não me animam.Mas por que fugir? Por que me esconder e mentir pra mim mesma que isso não é real? Por que tentar passar a imagem do tudo bem e força um sorriso, se na realidade eu não sentia isso?

Fingir não resolve, não ameniza, só deixa maior o que eu guardo por dentro, por que ter vergonha de chorar? Por que os outros não podem ver?
Por que a gente esconde a dor? Por que só transparecemos a alegria?
Isso faz mal!Eu sou normal, eu sou humana, eu erro, eu acerto, eu caio, eu levanto, eu choro, eu sorrio, eu sinto dor e amor, eu sinto raiva e medo, eu canto, eu danço, eu grito, eu brigo, eu minto, eu peço desculpas, eu fico doente, eu tenho problemas, eu tento sempre melhorar, eu gosto de um elogio, eu amo pudim, adoro cachorros, a música me encanta e as palavras também, tenho medo de altura, tenho duas tatuagens e uma enorme preguiça, eu só estudo pras recuperações, tenho uma enorme dificuldade em demonstrar meus sentimentos e principalmente em dizer um “eu te amo” pras pessoas, mesmo que familiares, eu choro lendo, eu guardo meus problemas comigo, eu raramente desabafo com alguém, eu sou extremamente desconfiada, eu não sou carinhosa, eu sou teimosa, orgulhosa, mas não consigo fazer mal a ninguém, eu me preocupo em fazer com que as pessoas em volta de mim se sintam bem, e nesses últimos tempos não tem sido nada fácil meus dias.Eu chorei que nem uma criança, e isso me fez tão bem.Eu recebi conselhos de uma pessoa que mal me conhece e as palavras dela me ajudaram, me confortaram, me deram uma dose de coragem, pra encarar o batalhão de obrigações, de queixas,de responsabilidades, de pessoas que não enxergam outro se não a si.
Eu tenho pensado muito nos outros, andei esquecendo um pouco dessa menina um tanto carente de atenção que mora dentro de mim, aquela que tenho deixado nas ultimas opções, aquela que não tinha prioridade na minha lista, ela ta sendo obrigada a atropelar o tempo e assumir responsabilidades que não cabiam a ela, e as coisas andam meio confusas, meio perdidas, ela se sente desprotegida, eu preciso encontrar o tempo de cuidar dela, eu preciso deixar os outros de lado, eu preciso zelar pelo futuro dela, pela saúde dela, pela saúde emocional dela..
As vezes nem se nota que tem alguém ali ao lado, preocupado com você, alguém disposto a te ajudar, a consolar, eu posso sim dizer que eu tenho poucas pessoas assim, mas essas poucas extremamente verdadeiras, extremamente amigas, as quais a cada dia me provam isso sem eu ao menos perceber.
O dia seguinte foi um tanto curioso, na aula passaram um filme, contava a história de um jovem que foi pra guerra, um jovem apaixonado, sorridente, sonhador, lutava por sua pátria, não por que realmente queria estar lá, mas fora convocado.Um dia estava ajudando a enterrar um defunto, quando os inimigos começaram a atacar, ele correu e se escondeu em um buraco, mas não viu a bomba que se aproximava, caiu praticamente ao seu lado, ele perdeu os braços, as pernas, a audição, a visão, a fala, foi parar em um quarto de hospital desconhecido, trancafiado, sem poder se comunicar com ninguém, dopado diariamente, no escuro, com a cara tapada.Já não sabia se estava vivo ou morto, ninguém além de enfermeiros e médicos sabiam que estava ali. Seus dias resumiam-se a delírios, lembranças e tentativas de decifrar de alguma forma o que se passava no quarto, os movimentos, as pessoas, tentava achar uma maneira de pedir ajuda, uma maneira de sair dali. Não entendia porque o mantinham vivo, se não podia ver ninguém, se já não servia pra nada, se aquilo já não era vida, era uma sobrevivência torturante, era um sofrimento.
Por ironia do destino ou não, neste mesmo dia, enquanto caminhava pela rua da escola, indo pra casa, me deparo com um carro de policia, pensava ser um assalto, mas haviam fitas isolando aquela parte da calçada, um individuo caído no chão, com o rosto coberto, um homem morto, mais uma vida que se vai em plena luz do dia, caído na calçada, olhares curiosos, que adoram uma tragédia.
As minhas queixas, desesperos, desabafos e brigas em um dia, no outro a morte parece estar por todos os lados..
Então me deparo com a frase “O que importa afinal? Viver ou saber que está vivo?”
E isso, realmente faz sentido, pode-se estar morto mesmo que vivo..
Por que perder tanto tempo brigando, me lamentando, se eu nem sei por quanto tempo ainda vou ter a oportunidade de ver as coisas boas disso tudo? Se eu nem sei se vou ver o dia amanhecer? Por que me sacrificar hoje, pra ter um futuro melhor, se não sei se estarei presente no futuro.
Não quer dizer que vou largar trabalho, escola, e sair por ai fazendo festa sem pensar em nada, mas acho que tenho me privado muito de loucuras, tenho me privado dos impulsos, tenho me privado das surpresas e as coisas que privo são as que fazem os momentos realmente felizes, realmente alegres, são esses momentos que nos dão saudade no futuro, que nos fazem sentir vivos.
Eu tenho guardado os “eu te amo” em um dicionário nunca usado, está na hora de arrumar trabalho a eles, está na hora de demonstrar os sentimentos guardados a sete chaves.
Está na hora de saber que estou viva, de me sentir viva, de aceitar os sentimentos, de aceitar a minha vida, de me aceitar e me amar principalmente.
E é isso ai, um texto pra mim, depois de dias sem aceitar o que eu devo aceitar.






"Muda, que quando a gente muda o mundo muda com a gente. A gente muda o mundo na mudança da mente. E quando a mente muda, a gente anda pra frente E quando a gente manda, ninguém manda na gente. Na mudança de atitude não há mal que não se mude, nem doença sem cura.Na mudança de postura a gente fica mais seguro.Na mudança do presente a gente molda o futuro.."


Gabriel o Pensador