a dona dos pensamentos

sábado, 31 de dezembro de 2011

desculpa.

Aah me desculpa mesmo!
Sério eu sinto muito!
Tenho te deixado assim tão de lado nesses últimos tempos.
Eu gosto de montar uma história na minha cabeça, sobre o futuro, sabe?
Não é por querer, simplesmente acontece e quando me dou por conta, já é tarde demais.
Quando percebo fugi do controle, não que isso seja ruim, mas ninguém melhor que nós pra saber da complexa relatividade das coisas.
Eu tento manter as coisas em ordem na minha cabeça, traçar meus planos anotadinhos, seguir o meu roteirinho imaginário, tudo em busca dos meus sonhos, mas desse jeito acabo tornando meus sonhos maçantes demais, eu planejo tanto que de repente a vida me dá uma sacudida e diz:
-Muda a rota menina, esse beco não tem saída!
Eu bato o pé, choramingo, quero passar por aquele caminho, mas tem uma hora que querendo ou não, eu adormeço, cansada e quando acordo as coisas ficam bem mais claras, quando as lágrimas secam, a vista não fica tão embaçada, finalmente enxergo que não tem saída..
Mas eu não dou passos pra trás, como dizem, eu dou meia volta e o que pra muitos significa regressão, para mim é visto como seguir em frente.
Se o beco não tem saída, é preciso voltar para entrar em outro, mas ele é grande, não consigo enxergar seu fim, nenhum deles mostra assim de cara, por isso é mais uma questão de sorte, ou de destino mesmo, só pagando pra ver, se arriscando mesmo, pra ver até onde vai, em que lugares pode nos levar.
Por isso meu roteiro não funciona! Não sei onde esse caminho vai me levar, não posso trazer minhas expectativas comigo.
E quer saber? A pior coisa que fiz, nesse caminho todo, foi deixar de ter aquelas minhas longas conversas contigo, de te procurar, de te pedir conselhos, de te dar mais atenção, mais carinho, sei que tu finge que não, mas adoora um carinho, um abração bem apertado e um olhar que revela tudo.
Me contaram que tu não tem saído mais, que tu não consegue te divertir de verdade, que tu anda meio insegura, eu não quero te ver assim! Quero cuidar de ti, deixa?
Não sou de fazer promessas, levo minhas palavras muito a sério, mas vou te fazer uma agora..
Eu prometo, que você vai ser prioridade pra mim, me dedico agora a te fazer feliz, a ser a tua protetora!
Meu amor vai ser próprio pra ti, a minha outra metade, eu mesma!.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

ouvi dizer.


Um pouco de sal
Um pouco de açúcar
Água marrom do riozinho frio
Cachaça de dois “pila”, com alto fator mortal.
O homenzinho da rua parece um marginal

Deveríamos cantar:
-“hipocrisia eu quero uma pra viver..”
Qual a sua? Qual você vê?

Não leve isso como um insulto
Somos práticos e realistas certo?
Nossa vida não chega a ser uma mentira
Só é vazia.

Poderíamos ser grandes
Grandes amores, amigos, ouvintes
Mas a  grandeza que almejamos diminui
Diminui nossa visão, nossa alma, o coração.

Poderíamos ser leves
Na consciência, na essência, em como agir
Mas decidimos pesar tudo
O andar, o sofrer, o iludir.

Os pensamentos são descartados rapidamente
Pois o cérebro só registra o que recebe
Ou seja, lixo não reciclável.
Hoje o cérebro tem fome
Está doente,  não é usado para formar pensamentos, sonhos, idéias..
É muita informação e pouco conteúdo.

Vivemos em um mundo apressado demais
 Eu preciso de tempo para pensar
Não deixam!

Não me deixam apreciar o dia
Corro o risco de ficar pra trás
A fila nem começou e já deu a volta na esquina
O salário é baixo e as exigências infinitas.

Talvez eu passe cinco anos estudando para ser uma “alguém”
E quando finalmente estiver prestes a ser esse alguém
Não exista mais lugar pra mim.

O globo é grande, mas as pessoas querem ser maiores que ele
Competição pode até ser saudável, mas há um limite para tudo
Ouvi dizer.

sábado, 1 de outubro de 2011

Sentada no ônibus, voltando pra casa..





 O céu já estava negro, as pessoas apressavam o passo nas ruas, as portas das lojas se fechavam, buzinas  nervosas reclamavam.
Todos querem ir para casa, tirar aquelas roupas com cheiro de trabalho, aquele sapato apertado, deixar tudo de lado, os problemas no portão de casa, tomar um banho bem quente, mergulhar em baixo do cobertor, com bastante chocolate e se frustrar ao perceber que o filme na TV já foi visto no mínimo umas vinte vezes.
O ônibus vai parando, deixando uns passageiros e abrigando outros.
Alguns sentam num canto, ligam uma música calma e encaram um ponto qualquer, outros conversam sem parar, têm também os  que insistem em ser DJS, mesmo sabendo que não agradam ninguém, tem as crianças que choram sem parar, as senhoras irritadas com jovens que não dão lugar, alguém reclamando do tempo, outro dormindo, os de pé disputando espaço e os  da janela com a cabeça no mundo da lua.
Hoje eu sou um deles, me abrigo na janela e só observo.
Ouvindo Bob Dylan, segurando meu fone problemático, observo um grupo de moradores de rua, bem juntinhos, na beira de um lago, em volta de uma pequena fogueira. E por mais que todo dia pareça cansativo e a vida pareça sempre ingrata a cada um, me surpreendo ao perceber que eles estão sorrindo. O termômetro marca 9ºC, mas o vento faz com que caiam mais 4ºc, parece um sorriso de loucura compartilhado, mas não, logo percebo e me envergonho, é um sorriso de vida, é uma lição de vida, o sorriso daquelas bocas famintas celebra a vida.
Me envergonho, pois eu tenho um teto, tenho uma cama, comida, família, trabalho, estudos, dinheiro, amigos, mas mesmo assim me sinto incompreendida, acho os meus problemas os maiores do mundo, fico frustrada por ainda não ter entrado na faculdade, mal vejo meus amigos por achar que falta tempo, não consigo demonstrar sentimentos, a uns dois meses não passeio com meus cachorros, fico adiando uma faxina no meu quarto, deixo de lado as coisas que gosto. Me sinto mal por largar um livro para ver a novela.Por deixar que o mundo faça a minha cabeça em função de consumismo, padrões de beleza, me contentando com uma cultura pobre e quase 90% descartável das mídias.Por ser tão egoísta, a ponto de não me por no lugar das pessoas que me cercam, visando meus interesses primeiro. Pela  minha preguiça, meu medo de sair do casulo, acabo não vivendo, somente me protegendo e me envergonho mais ainda, por não conseguir dar uma risada assim, tão sincera e contagiante pelo simples fato de estar viva.
Olhar as pessoas que trocaram o carro, ônibus e aderiram a bicicleta como meio de transporte parece meio maluco, mas é tudo questão de adaptação, parece que a vida tem um roteiro, “regras de como viver e o que fazer”, como quando criança vai pra escola, depois faculdade, trabalho, carro, casa, família, criar os filhos, virar uma senhora com uma boa aposentadoria e depois curtir de camarote a vida indo embora.
Pessoas que não seguem estas regras são vistas com outros olhos, todos julgam, alguns apóiam, outros não, mas creio eu (não sou uma especialista da vida, longe disso), que para conseguir esboçar aquele sorriso, para realmente conseguir encontrar seus momentos felizes, a opinião dos outros deve ser totalmente ignorada, as regras de como viver devem ser apagadas da memória e costumes e assim deixar que a vida se guie por seus reais sonhos e vontades, sem ferir nem passar por cima de ninguém.
Meu ponto chegou, desço, logo estou em casa.
Respiro aliviada, agora já não estou com tanta vergonha de tudo aquilo, pois por mais defeitos que eu tenha, consigo enxergá-los, consigo tocar e limpar as feridas, sem sentir dor. Meus olhos ainda enxergam além do meu reflexo as pessoas do outro lado, meus sentimentos estão vivos, ainda que contidos e esse casulo tem seus dias contados.  As raízes começam a desprender, pois não sou uma árvore já plantada, sou apenas umas sementes, que precisam de muita água, tempo e sol para enraizar, no meio disto tudo tem a vida, a mais importante e empolgante história, que um dia vou contar.



quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Pegou um lápis-borracha


.. e contornou ao seu redor
Queria apagar,  não sei  o que..

Talvez algumas cicatrizes
A barreira de seus medos
O seu passado, ou os planos para o futuro?

Queria um dia de amnésia geral
Esquecer de quem foi, de quem conhece, de seus padrões.
Esquecer de como costumava se comportar, do tom que usava, como se vestia, o que comia, com quem falava, quais eram seus conceitos, suas preferências, seus inimigos, seus receios e rodeios.
Um dia em que pudesse ser guiado por seus instintos
Um dia em que todo o falso moralismo, em que fora criado, não existisse
Um dia em que pudesse livrar-se de todos os vícios ganhos durante a vida.
Vida essa que passou, correu tanto e nem sequer perguntou-lhe como queria pensar, como queria agir, como queria não ter seus pensamentos influenciados por um mundo capitalista, egoísta, onde a mídia cerca, sufoca, abafa, difama, suga seu cérebro.
Ele não escuta as músicas que quer,  só as que estão a sua disposição.
Ele não come o que quer, só o que esta na prateleira, na quitanda, em cada esquina.
Na escola não foi desafiado, não lhe ensinaram a pensar, só a decorar, escravizando-o ao comodismo.
Ele não faz o que quer, não tem tempo, ou melhor, tempo ele tem,  mas a necessidade de ganhar  dinheiro o obriga a trabalhar, a estudar que nem louco, pra ser um “não sei o que”, que faz o que não satisfaz, ao menos tem o que comer e algumas horas pra dormir, um carrinho semi-novo, vivendo apertado em seu Jk alugado, o que mais poderia querer?
Rebobine a fita gasta, de sua memória esquecida, tente lembrar de quais eram seus sonhos quando criança..
Vais ver que não sonhava em ser rico, não visava lucros, não acreditava na rotina chata e vazia que seu pai levava, chegando cansado e estressado, de mais um dia de trabalho, que pela aparência que ele tinha, roubava uns 10 anos a cada mês..
Nãão, com você seria diferente, queria ajudar “gente”, não é?
Queria ir até a lua, ser bombeiro, padre, policial, médico ou prefeito..?
Queria ajudar as pessoas, ser um super herói?
Em que momento este super-herói se desviou do caminho e foi parar atrás desta mesa apertada e escondida, em um escritório empoeirado, no 13° andar de um prédio, onde a única vista que tem é de outros prédios que o cercam, escondem a cor do céu e roubam seu ar?
Por que este menino desistiu de seus sonhos?
Parecia longe demais? Inatingível?
Acho que não explicaram muito bem, talvez o super-homem não tenha dito, o quanto foi difícil chegar até ali. Mas como poderia esperar ser fácil? Este caminho fácil te traz felicidade?
Se sim, me desculpe! Sua consciência sente muito por esta perda de tempo, seus sonhos viraram objetos, papel e um bocado de materiais descartáveis.
Seus sonhos do presente até podem se realizar, mas vão deixar um vazio enorme, no lugar daqueles velhos sonhos, aqueles iriam completar, não só a você, mas ao seu redor também, aqueles outros sonhos poderiam talvez se eternizar e mesmo quando seu corpo já não tivesse vida, outros diriam seu nome com carinho e você continuaria a viver.
Aquele dia acabou, a rotina volta a reinar, em almas pequenas demais para arriscar.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Filho de peixe

    ...nem sempre peixinho é.


 Em águas calmas, não tão limpas, vivia aquela pequena família, escondida entre algas e pedras.
O peixe mais velho, o chefe do humilde lar, conservador e o espelho para seus filhos, passeava com seu pequeno peixinho, o mais novo, cheio de vitalidade e curiosidades.
Quando de repente surge a frente  uma corda fina, com uma deliciosa isca presa, tentadora.
Imediatamente o peixinho sai correndo em sua direção, seu pai repreende, grita, diz que não!

O pequeno se emburra, quer saber por que..
O pai paciente e compreendendo a ingenuidade de seu filho, explica.

- Em dias de fome, quando tudo parece difícil, esta isca parece a saída mais fácil, enche seus olhos, mas é pouco, será que vale o esforço? Ela pode te prender e levar para a superfície, onde você não pode sobreviver, a vida lá não é possível a você, a tentação pode levar a morte.

- Mas eu sou mais esperto, mais forte que um fiozinho fraco, posso enganar o pescador, pegar a isca e fugir..

- Jovens! Teimosos, procuram o perigo. Sabes que são mínimas as chances de sair ileso, por que tanta curiosidade, o gosto bom acaba logo, sobra dor, sofrimento..

- Como sabe papai? Já esteve lá alguma vez? Já experimentou?

- Se o tivesse não estaria aqui, mas sei pelo que vi, pelas pessoas que perdi.

- Então não pode ter assim, tanta convicção. Talvez haja vida lá em cima, talvez seja até melhor, não quero envelhecer como o senhor, com medo, nessa mesmice, quero ver o mundo de fora..

- Pare de bobagens meu filho, não seja louco! Me prometa que NUNCA vai mordiscar a isca, que nunca vai lá em cima!Prometa?!

- Ta bom papai.

 No dia seguinte, ele comentava o ocorrido com seus amigos. Quis provar sua coragem, mordeu a tão desejada isca..
 O pescador puxou, jogou-o em seu pequeno barco, pegou sua faca afiada, enquanto isso ele se debatia, morria aos poucos, desesperado, já estava nas mãos ásperas do homem, que o cortava com cuidado, em seus últimos segundos de vida só restou arrependimento e a vontade de nunca ter conhecido o outro lado do mundo.

O pai quando soube da notícia só pode concluir, eu avisei!
Mais um filho curioso que se perde por ali.



  São ambientes e personagens diferentes, mas a história se repete, tanto ali, quanto aqui!

quinta-feira, 3 de março de 2011

Eu admito.

Estou perdendo o jeito, talvez um pouco de preguiça também ajude e a preocupação de não escrever nenhuma besteira tem me afastado das letras que eram antes tão  amigas, que me confortavam tanto e que já foram até cogitadas para o sonho de um futuro.
Neste momento peço desculpas, somente a elas, pelo meu medo de usa-las, por ter me afastado  e por me preocupar com as “pessoas”.
A essas pessoas, esqueci de vocês por elas e confesso, errei, vocês minhas doces letras tem algo a me dar, algo bonito e não tanta maldade.
Pensei em tantas coisas nestes tempos, em como esse mundo é lindo e os vermes humanos fazem tanta, mas tanta merda, são tão egoistas, como dizia o john “este mundo é tão errado!”.
Sabe por que existiram, existem e sempre existirão escravos, pessoas inferiores e “vidas insignificantes” ?
Por que humanos nasceram  com eles a ideia de ter alguém no “comando”, no poder, eles sentem a necessidade, eles precisam ser mandados, precisam receber ordens, precisam de limites, precisam de castigos, para se sentir um “alguém “ perante a sociedade.
Aliás, pergunte a uma criança o que é ser um “alguém”, ela lhe dirá que é um “alguém” quem ganha dinheiro.
Outra criação desnecessária nossa, o maldito papel que causa tanta morte, que destrói tantas vidas.
Por que tantas pessoas obedecem as ordens de um merda ordinário, lunático, que manda matar pessoas inocentes, que a única coisa que exigem é liberdade e eles friamente matam pensando estar defendendo sua “pátria”, sua terra amada.
Outra babaquice, o nacionalismo.
Quem nasce nesta terra presta, matem todos do lado de lá.
É tudo a mesma coisa se juntar.
Por que precisamos de um Deus?
Para acreditar que alguém um dia vai nos salvar, para nos sentirmos um pouco melhor.
Mas será que estes conflitos internos que as confusões religiosas nos trazem são boas?
Será que toda a baboseira é verdade?
Como posso levar a sério um pastor, que tem uma outra familia escondida e me diz que usar calça e depilar as pernas é errado?
Quem dá o direito a um juiz de me julgar? Ele é melhor que eu?
Por que um pobre que rouba uma caixa de leite é ladrão e a riquinha que rouba uma calcinha é “claptomaniaca”? Qual a diferença?
Por que quando uma pessoa rica é morta a justiça  se faz tão rápida e eficaz, e quando acontece com um pobre, uma fiança resolve tudo?
A esse mundo é tãão errado.
Acha clichê?
Ter que acordar as 4 da manhã para pegar uma fixa pra ser atendida no postinho médico.
Ser atropelada na faixa de pedestre, ver o filho da puta fugir e ficar ali agonizando de dor esperando um helicoptero se deslocar lá do raio  que parta pra te resgatar, pois não tem um hospital e nem ambulância pra te buscar.
Ficar terrivelmente doente e a previdência negar seu pedido, dizendo que está apto  para trabalhar.
Se ver desempregado, com 3 filhos, uma mulher, contas para pagar, sem ter dinheiro para comprar comida e ver a familia de um presidiário recebendo um “auxilio” pelo queridinho estar preso.
Outra merda que criaram.
Por que ao invés de concertar nem que seja um pouquinho as coisas, continuam só fazendo merda?
Já conversei com algumas pessoas a respeito da ditadura e curiosamente as pessoas que eram a favor eram ricas.
Ta na hora de balançar um pouquinho o globo, deixar cair o que não presta, embaralhar bastante e ver como se saem as pessoas de poder, sem salto alto, sem maquiagem, sem suas capinhas mágicas, sem armas, se ferrando, como gente.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Até quando?


 A menina escuta os primeiros pingos tamborilando no telhado..
Se revira na cama, quer acreditar que é apenas um sonho.
Em segundos os pingos ganham força, intensidade e o barulho torna-se nitidamente forte e perturbador.
Não é somente o barulho da chuva forte vinda do céu que a perturba tanto,  são os gritos, o pavor estampado na cara de cada um, o medo do “ter que recomeçar denovo”, a expressão aflita no rosto de sua mãe e o sentimento de culpa de um pai que não teve coragem de tentar a vida longe dali, expondo sua familia a riscos e a sorte.
 A menina enxugou os olhos, queria ter certeza de que estava acordada, outro longo pesadelo começava..
A chuva era constante a semanas, as vezes dava uma trégua, os moradores daquele pequeno vilarejo viam em suas preces a única saída, ela dormia com um terço na mão e um olho entreaberto.
Não queriam abandonar suas coisas, mesmo sabendo que a qualquer momento o grande esgoto a céu aberto, bem ao lado de suas casas, iria transbordar, destruíndo seus  bens  materiais, levando vidas e deixando apenas barro e doenças.
Todos os expectadores opinavam  de suas casas, não entendiam o porque de toda aquela gente ainda estar ali, chamavam de ignorantes, falavam, falavam, é sempre tão fácil observar de longe, quando não se vive..
As pessoas do vilarejo “recomeçaram” inúmeras vezes e era cada vez mais dificil para eles conviver com o descaso de um governo que ordena que saiam, para jogar todos em um ginásio emprovisado, um governo que recebe dinheiro suficiente pra construir, em um lugar seguro, uma moradia para aquelas familias, mas depois de tantas tempestades e inundações as moradias nunca ficam prontas e como as oportunidades de emprego são sempre mais dificeis aos pobres e um salário minimo mal dá pra sustentar uma pessoa, quem dirá uma familia.., acabam voltando para seus locais de “risco”, o que resta a eles, o que a miséria de seu dinheiro consegue pagar.
Eles não querem sair, por que já sabem o que vai acontecer..
O povo é sim solidário, a menina reconhece, eles sentem, mas o dinheiro que é liberado para ajudá-los, a assistência a longo prazo que os permitirá dormir em paz, não chega e muitas vezes quando chega é tarde.
Demoram anos para que possam ir morar nas residências construídas pelo governo, eles só tem pressa para impressionar os outros países com seu futebol, só tem pressa para construir suas mansões, mas com o pobre ninguém tem pressa, ninguém realmente se importa.
Será que são ignorantes ou estão cansados?
Anos e anos pra receber sua casa, até lá  ou ele vai morar na rua, ou volta pra um lugar de risco.., não são das melhores as opções.
E neste momento a menina observava da janela a água subindo, o morro deslizando devagar, sua casa tremia e a familia de mãos dadas rezava.


quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Contexto sem texto..

 
A falha da navalha poupou uma vida angustiada.
Zera-se o ano, os fogos escurecem e a vida volta ao normal.
Dia seguinte não é novo, as promessas e planos ficam eternamente enterrados na virada.
A força usada em um primeiro passo perde a intensidade no seguinte, quando as metas não estão a frente de quaisquer distrações e imprevistos, ficam perdidas pelo caminho, o que gera as lamentações usadas repetitivamente de “como queria voltar o tempo”..
Ahh se eu pudesse pará-lo, rebobinar a fita da vida, ou então apressar quando lhe convém.
Mas pensando bem, melhor que seja assim mesmo.
Só uma chance, só um agora, que constantemente é perdido, só um amanhã que logo se esvai.
Pensar que este momento jamais será revivido torna-o único, porém são poucos que se dão conta do quão escasso e raro é o hoje e aproveitam devidamente.
Esperar perder para valorizar é o grande erro, cometido constantemente.

“Tem gente que vive chorando de barriga cheia..”

Ao invés de se lamentar por não viver em uma mansão, ou por não conseguir tirar as tão esperadas férias, agradecer por ter um teto e um emprego.
A natureza não está se “vingando” de almas ruins, dia-a-dia a destruímos um pouco, empresas visam lucros, mas não pensam nas conseqüências que podem causar ao meio ambiente, poucas pessoas ocupam áreas enormes, deixando os mais pobres entulhados em morros, jogados nos cantos não fiscalizados, nas sobras de terra.
Não é de se esperar que o clima mude a cada dia mais e constantemente, as chuvas não tem culpa, os morros não tem culpa, as pessoas que ali sobrevivem não tem culpa.
E ironicamente, os que menos tem, no fim são os que mais perdem.
Será que o egoísmo tem limite?
Não respeitam a natureza, as pessoas, a vida.
Que em 2011 essas pessoas tenham mais compaixão, não pensem somente em lucros, visem um pouco mais além.
De que adianta tanto dinheiro? Será bem aproveitado no caixão.

Um mundo mais limpo, noticiários tranqüilos, ruas cheias de bicicletas, crianças brincando, pessoas sorrindo, casas sem grade, nada de alarme, sem armas, nem prisões.
Chega de agressão física e moral, chega de desastres, corrupção, chega de poder!
Queria eu começar um ano em que as metas de toda humanidade fossem estas e que a cada dia contribuíssem para um mundo melhor.








"Muda, que quando a gente muda o mundo muda com a gente. A gente muda o mundo na mudança da mente. E quando a mente muda, a gente anda pra frente E quando a gente manda, ninguém manda na gente. Na mudança de atitude não há mal que não se mude, nem doença sem cura.Na mudança de postura a gente fica mais seguro.Na mudança do presente a gente molda o futuro.."


Gabriel o Pensador