Se juntou perdida, a manada de sonhos que corriam para dentro do espelho.
La dentro ensurdeceu e de repente começou a cantar, desafinada e feliz.
Não conhecia a música, mas brotava de sua mente a cada verso inacabado.Uma escrivaninha com suas folhas brancas e tinta fresca, pareceu convidativa.
Canhota pela primeira vez, jorraram letras e o papel logo estava encharcado, tentou consertar e a folha sugou-a inteira.
Como escrevia de um amor que nunca conheceu, lá foi parar, em um par de olhos apaixonados, deu-lhe um abraço e mandou esperar.
Saiu andando confiante, por uma estrada que não tinha nome, apenas uma velha placa dizia “siga!”.
No meio caminho uma cachoeira, mergulhou os pés na fina água e logo arrepiou-se inteira.
Tinha uma pedra, meio vermelha, flutuando ao acaso, pegou então, chamou talismã, enfiou no bolso e saiu faceira.
Voltou pra estrada, mas tudo parecia igual.
Estava definitivamente andando em círculos.
O sangue esquentou, quebrou a placa, mandou o rapaz parar de sonhar, rasgou a folha, silenciou, voltou então a escutar..
Quebrou o espelho, desorientou os sonhos, voltou-se então para o tudo.
Não ouvia mais respiração alguma, nem mesmo o coração parecia bater.
Pegou do bolso o amuleto, agora era verde e um pouco maior.
Olhou pro céu alaranjado, e pras árvores azuis, as pessoas amarelas e o mar violeta, estava tudo em ordem, a paz ainda reinava em um lugar distante daqui.
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