a dona dos pensamentos

sábado, 6 de março de 2010

se perder, se encontrar.


O que ela era? Esse questionamento batia a porta em uma hora importuna, no momento em que tentava esvaziar a mente. Em um momento em que pensava não crer em nada, quando queria apenas ser. Mas a mente tem controle próprio, ou melhor , ela controla a gente. Não somos nós que tomamos as decisões e sim ela, dita as ordens e não tem outra alternativa senão cumprir. Ela era menina ou já uma mulher? Não brincava mais de boneca, mas também não era séria. A maturidade não havia batido em sua porta, mas a imaturidade já foi-se embora.. O que era ela afinal? Algo perdido entre a menina e a mulher. Um pouco dos defeitos e qualidades de cada qual , em uma junção um tanto misteriosa e encantadora. Ela não controlava, nem tinha uma tentativa de explicação para seus sentimentos, mas sabia demonstrá-los com certa notoriedade.
Estava caminhando, em sua trajetória diária,mesma rua, mesmo horário, para o mesmo destino..Mas parecia tudo tão diferente.A rua parecia estranha, o horário parecia outro, ela conseguia enxergar através das pessoas.Sentia o cheiro do asfalto e das nuvens.No horizonte podia enxergar a água em ebulição.Mergulhava no mar misterioso de cada olhar transeunte.Ouvia a prece de pássaros assustados.Sentia o estresse refletido em um trânsito com buzinas incessantes e palavrões descarados.Sentiu a força da pressa em um esbarrão violento.Percebeu o quanto era afortunada ao se deparar com o olhar faminto da criança que fazia malabarismo na sinaleira.Não encontrou uma lógica explicação para o bêbado que tentava se afogar em um mar de ilusões,afastando problemas.Ela pensava saber muito da vida, mas neste dia concluiu que nada sabia.
Em uma aula de filosofia concluiu que nem tudo que seus olhos a fazem enxergar pode ser visto da mesma forma por outras pessoas, o seu preto e branco , pode ser um arco-íris para o mundo de outro.
Os seus problemas, podem ser a solução que alguém incessantemente procura.
A sua busca pela liberdade, pode ser a busca ao zelo que alguém tanto deseja.
Incansavelmente insatisfeitos.
O que temos não basta, o que temos não queremos, o que temos não presta.
Queremos o do outro, queremos o que não podemos ter, fazemos o que não devemos fazer.
O proibido atrai, instiga, brilha.
Pode-se ter tudo, vai-se desejar ter nada.
Somos incompreensíveis, a cada momento mais complicados.
E se já nem me entendo, não posso esperar entende-lo.
Se já não me procuro, como posso esperar encontra-lo?
Aquele que não se ama, não deve esperar ser amado.
Ela caminhou até o fim daquela rua, até dar-se conta que estava perdida.
Perdeu-se em um caminho que trilhava todo dia, um caminho decorado, um caminho desgasto do tempo.
Sua mente não ordenou-se, não desprendeu-se dos pensamentos e a levaram para uma rua sem saída, solitária, estava lá perdida, em sua própria armadilha, foi-se conhecer.
Agora sozinha, tinha a chance de conversar com a outra, que morava dentro dela, puderam finalmente ter a conversa que a tanto esperavam, puderam finalmente dar ouvidos, prestar atenção, sentir o que tanto incomodava a outra parte de seu ser, de seu viver, de sua alma.
Finalmente, ela se encontrou ao se perder.

Um comentário:







"Muda, que quando a gente muda o mundo muda com a gente. A gente muda o mundo na mudança da mente. E quando a mente muda, a gente anda pra frente E quando a gente manda, ninguém manda na gente. Na mudança de atitude não há mal que não se mude, nem doença sem cura.Na mudança de postura a gente fica mais seguro.Na mudança do presente a gente molda o futuro.."


Gabriel o Pensador