a dona dos pensamentos

quarta-feira, 3 de março de 2010

estupidez.


Um dos raros dias em que decidi assistir ao noticiário.
Coisa não muito comum para alguém que pretende prestar jornalismo e confesso que a um tempo atrás assistia com mais freqüência, mas já não era possível conter a indignação a cada barbárie a que me deparava.
Todos os dias, uma noticia mais trágica que a outra, parecia até uma competição, mas não, era a mais pura realidade.
Não são os jornais que procuram as noticias ruins, mas ultimamente somente tragédias e tristezas tem sido comum a nossos olhos e rotinas.
Assisti, pois lá no meu inconsciente sempre tem aquele pingo de esperança, sempre está pré-disposto a se deparar com noticias alegres e contraditórias das típicas rotinas.
Mas não, tragédias e mais tragédias, uma me despertou certo interesse,certo sentimento de incapacidade e perplexidade.
O repórter dizia, que um homem estava sentado no banco do ônibus, quando o individuo que ao seu lado estava pediu para que fechasse a janela, ele recusou, não sei que sentimento esta recusa despertou neste individuo, não sei se estava drogado, se tinha problemas mentais, se estava passando por sérios problemas, não sei que tipo de vida levava, que histórico tinha, não sei de sua pré-disposição a violência, mas de uma coisa eu sei..ele tinha uma arma!
Sim ele tinha uma arma, se era ilegal ou não, se ela já havia matado alguém, ou servido para utensílio de assaltos, se ele havia pegado emprestado, ou achado nas coisas de um conhecido, sinceramente não sei, isso não me importa, isso não importa para aquele homem da janela.
Mas uma coisa sim importa e de uma coisa, quem conhecia o homem da janela, esta certo, ele pagou um preço altíssimo pela recusa.
Ele pagou o preço com algo que só se ganha uma vez, algo que não tem volta, ele pagou com a vida.
Sim, aquela arma , nas mãos daquele individuo cheio de raiva, tirou a vida de um homem que apenas se recusou a fechar uma janela.
O individuo não queria saber se aquele homem tinha filhos,uma família,problemas, amores, aflições, obrigações, .., ele é humano, um animal racional, mas naquele momento foi apenas animal, nada mais.
Foi desumano,foi indigno, foi incompreensível e inaceitável aquela atitude, aquela barbárie, não importa seus problemas, não importa sua conduta, sua raiva, seu sofrimento, não importa seus motivos..
Ele não tem o direito de tirar a vida de outro, ele não tem o direito de impedi-lo de viver!
Uma arma, um individuo problemático, um homem inocente, um ônibus e uma janela.
Um dia normal, uma cena aterrorizante e estúpida.
Nessas horas eu penso o quão nada somos.
Trabalhamos incessantemente,estudamos, passamos a vida inteira lutando pra viver bem, lutamos contra doenças, agüentamos o que vier, matamos um leão por dia, engolimos outros três, ai então do nada, assim em um dia normal, você se senta no ônibus, feliz, pois está finalmente indo pra casa, aquele dia estressante aproxima-se do fim.
Está ali sentado ao seu lado, uma pessoa que você não sabe quem é, e nem precisa saber, não sabe o que ela pensa, como ela vive, o que ela planeja.
Não sabe que ela será a ultima que verá, que pelas mãos e por vontade dela, você não vai mais viver, assim de repente, todos seus planos, seus estudos, sua carreira, seu amor, sua privações, tudo torna-se um grande nada, uma grande insignificância, pois você não tem o poder de decisão, resta-lhe apenas morrer , assim sem razão.
Chegou o momento, que basta ter uma arma na mão e escolher quem acha que deve viver.
Chegou o momento que o respeito e a vida só tem seus significados no dicionário, na pratica não importam mais.
Chegou o momento em que o humano não tem mais coração,não tem compaixão, não tem mais amor pela vida, seja ela sua ou do próximo.
Chorei sim, como uma criança ao assistir ao noticiário, deve ser por este motivo que já não assisto, não é que eu tenha vergonha de chorar, eu tenho vergonha dos humanos, eu tenho vergonha do que eles estão fazendo com o mundo e com as pessoas.
Eu tenho vergonha de ter nascido no meio dessa gente cruel, no meio de pessoas vazias, de ter nascido na era dos sem coração.
Eu tenho pena sim, das crianças que estão recém chegando a este mundo, tenho pena pois o futuro está se perdendo, as pessoas já estão perdidas, quem irá orientar elas, se já nem sabem se orientar, se já nem sabem ao certo o que querem e são.

Um comentário:

  1. Muito bom, parece ate reportagem da veja.
    Muito profundo, parabens amiga
    continue assim te amoo

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"Muda, que quando a gente muda o mundo muda com a gente. A gente muda o mundo na mudança da mente. E quando a mente muda, a gente anda pra frente E quando a gente manda, ninguém manda na gente. Na mudança de atitude não há mal que não se mude, nem doença sem cura.Na mudança de postura a gente fica mais seguro.Na mudança do presente a gente molda o futuro.."


Gabriel o Pensador