a dona dos pensamentos

domingo, 28 de fevereiro de 2010

uma noite,uma rua,uma situação





Eu não tinha mais nenhum motivo pra sorrir,mas mesmo assim sorria.
Eu não tinha uma razão ,ou permissão para sair, mesmo assim sai.
Eu queria esquecer dos meus “ontens” nada agradáveis.
Eu queria esquecer da minha vida, das minhas obrigações e principalmente dos intermináveis problemas que são como policiais armados golpeando o ladrão.
Amigos , estes sim tem o poder de me fazer esquecer, mesmo que somente em segundos, mesmo que por distração,instantes mágicos, instantes perdidos em algum lugar do tempo.
Mandei longe os problemas, esqueci as obrigações, afastei-me um pouco daquela vida.
Estava lá, sentada em uma rua qualquer, cantando , sorrindo, conversando.
Apareceu então, um homem mal vestido, com seu saco de latas,se agachou em minha frente e começou a falar.
De principio o receio,mas quis ouvir o que ele tinha a dizer.
Ele morava em caxias, tinha uma vida boa, não passava trabalho, mas aos poucos foi perdendo tudo que tinha, foi conhecendo o lado mais obscuro da vida, sentia o cheiro da miséria.
Veio tentar a vida aqui, disseram que teria mais oportunidades.
Sua família ficou lá, ele veio lutar para alimenta-los.
Mas as pessoas viraram a cara, as pessoas não quiseram saber de seus problemas, de sua luta,de seu sofrer.
Em todo lugar que ia era enxotado feito um cão perdido.
Olhavam-no dos pés a cabeça, com olhos superiores e desprezíveis.
Não dariam oportunidade pra um maltrapilho.
Não escutavam alguém que não tinha sapatos, nem um teto.
Mas em momento algum eu senti mentira e maldade em seus olhos, em momento algum ele foi indelicado, falou mal das pessoas , nem mesmo da vida.
Em momento algum ele se queixou.
Ele me disse que a palavra necessidade falou mais alto que a vergonha.
Me disse que nunca se imaginou pedindo nada pra ninguém, mas agora estava ali, pelo seu filho, pela sua família.
A vida surpreende,o destino muda, o amanhã sempre será incerto.
Minha amiga dizia que era mentira , não devia perder meu tempo escutando suas bobagens.
Mas meu coração acreditou nas palavras daquele pobre homem, seus olhos eram sofridos , ele cheirava a luta, ele esbanjava coragem e vontade de viver.
Eu acreditei naquele olhar, e desejei , do fundo da minha alma, uma oportunidade a ele, uma nova chance.
Tudo que tinha era umas moedas, mas ele não se importou , pra ele era muito.
Acreditar nele, escuta-lo, e trata-lo como um ser humano, importou.
Eu não tinha muito pra ajudar, mas ajudei também com a minha atenção, com aquele meu lado humano que não permitiu escorraçar uma pessoa só por não ter dinheiro.
Pois a vida prega peças, assim como pregou nele.
Nunca se sabe quem será o próximo que estará ali, pedindo moedas.
Por maior que seja o problema ao meu ver, nunca é tão grande realmente, sempre tem uma solução perdida em algum canto.
As pessoas são iguais, mesmo que com pensamentos, com físicos, e contas bancárias diferentes.
Somos todos seres humanos, nenhum é melhor, nenhum é indigno de nada, comece a ser humano também, não deixe esse coração virar pedra.

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"Muda, que quando a gente muda o mundo muda com a gente. A gente muda o mundo na mudança da mente. E quando a mente muda, a gente anda pra frente E quando a gente manda, ninguém manda na gente. Na mudança de atitude não há mal que não se mude, nem doença sem cura.Na mudança de postura a gente fica mais seguro.Na mudança do presente a gente molda o futuro.."


Gabriel o Pensador